Comunicar é respirar no meio do caos

Como a forma que escolhemos comunicar revela (e transforma) o que sentimos e o que fazemos os outros sentirem.

Tem semanas em que o ar parece mais denso.

Os acontecimentos ao redor — uma tragédia, uma notícia difícil, o clima das pessoas — criam uma espécie de atmosfera coletiva que pesa no corpo e na mente. E mesmo quando seguimos fazendo o que precisa ser feito, mas ainda assim, há algo que desacelera por dentro.

Nessas horas, a comunicação se torna um espelho do nosso estado interno. Percebe? A gente escreve, fala e até pensa diferente quando o mundo lá fora está barulhento. Mas foi justamente em uma dessas semanas que percebi algo importante: mesmo com a energia pesada, eu estava conseguindo me comunicar com clareza, firmeza e empatia no trabalho. Recebi bons feedbacks, finalizei entregas complexas, conduzi reuniões com segurança.

Entendi que o que sustentava essa consistência era a minha comunicação interna — o diálogo que mantenho comigo mesma.

Antes de comunicar algo para fora, eu preciso me escutar. Preciso ajustar o tom dentro de mim. A comunicação não é só o que dizemos.

É o estado de presença com que fazemos o que precisa ser feito.

É o silêncio antes da palavra.

É a respiração antes do mensagem.

É a pausa antes da resposta.

Quando a atmosfera está densa, se comunicar bem não significa estar leve — significa estar consciente. Essa consciência é o que diferencia uma fala automática de uma fala que toca e que troca.

Se comunicar, no fundo, é um exercício de autocuidado. Quanto mais escuto o que se passa dentro, mais clara e humana fica a forma como me expresso fora.

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Sobre o tema: Este texto faz parte de uma série de reflexões sobre comunicação para dentro e para fora — uma forma de entender como nossas expressões, escolhas de palavras e silêncios constroem a realidade que vivemos e o impacto que causamos no mundo.

🕊️ por Mariana Noboa

Comunicadora e Consultora de Comunicação para marcas e pessoas.